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sexta-feira, 20 de abril de 2012

As Cronicas De Um Homem Morto

Parte 1- A Primeira Vez Que Eu Morri
Autor: Leonardo Coimbra Cortez

  Morrer Dói. Dói muito. Bem você nunca se esquece a primeira vez que você morre, eu me lembro bem a primeira vez que eu morri. Eu era um pobre camponês que vivia ao sul da atual Itália na época governada pelo grande Império Bizantino, eu levava uma vida comum, trabalhava todos os dias no campo, pastoreava o rebanho de ovelhas e ia aos domingos na igreja, uma vida miserável para dizer a verdade, mas todos tinham uma vida miserável, bem pelo menos os camponeses.



  Era uma terça-feira, o tempo estava seco, mas parecia um dia como os outros. Acordei cedo peguei um pedaço de pão seco e velho, eu via sozinho desde que minha mãe morrerá, nunca me passou que aquele pão seria minha "ultima refeição".Após me arrumar fui fazer meu afazeres rotineiros, arar a terra, alimentar os porcos e levar as pobres ovelhas para pastar.

  O sol estava a pino, apesar de estar no meio do outono neste dia fazia calor, muito calor. Do alto de uma colina , Deus sabe se lá o porque olhei ao horizonte bem ao longe avistei o que parecia uma mancha , uma mancha rápida e voraz , conforme ela se aproximava via se tomar forma bandeiras e carruagens. Não me importei, devia ser alguma parte do exército indo tentar retomar a Sicília. Esse foi o meu erro.No vilarejo vi as crianças brincarem, as velhas fofocarem e o velho e gordo padre pregar o santo evangélio. A noite chegou como um predador, um breu total onde somente se via uma linda lua crescente, maldita crescente nunca irei esquece-la.

  Nunca me senti " em casa" parecia que não me encaixava naquele lugar, mas bem eles eram a únicas pessoas que eu podia contar. Sempre tive sono pesado , por isso não ouvi os primeiros galopes e incitações a Allah, acordei com um choro de uma menina que devia acabar de ver sua mãe ser estuprada e degolada em sua frente. Me levantei e corri para fora e me deparei com uma bandeira onde se via uma lua crescente seguida de uma estrela de cinco pontas, era o Império Otomano. Após conquistar a Sicília eles deviam querer chegar em Constantinopla pelo sul, mas isso nem passou pela minha cabeça no momento. Todos morriam, crianças, velhos, mulheres e a única coisa que eu pensei foi em me esconder.

  Tolo foi eu de pensar que me enfiando em um monte de palha dentro da minha casa ia ser poupado da cruel chacina santa. Após matar a todos, os Mouros atearam fogo a tudo, a maioria das casas eram de palha e madeira então era o inferno na terra. Minha casa não foi exceção. Como estava quente, ali meu destino foi selado, o fogo se alastrou e chegou ao monte de palha onde eu havia-me escondido. Primeiro meus cabelos pegaram fogo, o calor aumentava e minha pele ardia, eu sentia as chamas me consumindo e o cheiro da minha carne em combustão enchia meu peito de agonia, mas aos poucos eu comecei a morrer sufocado com a fumaça negra e sórdida, apesar do meu pulmão arder e eu sufocar era melhor do que ter de ver eu sucumbindo em chamas. E tudo ficou negro. Bem não vi Deus nem o Diabo, eu estava só em um lugar lamacento e escuro, pessoas gritavam e seres que pareciam sombras caçoavam e riam delas. Acredito que tudo isso foi uma montagem da minha mente devido ao trauma, mas não sei ao certo o que ocorreu.

  Abri meus olhos e por estranho que o pareça estava vivo, não tinha mais pele ou cabelo e algumas partes de mim ainda estavam machucadas. Meu peito ardia a cada respiro que eu dava , mas mesmo assim estava vivo. Confuso e com dor olhei ao meu redor , tudo havia acabado, a vila havia sido destruída , sem pesar duas vezes segui a diante pensando o que me aguardava no amanhã.

Continua...

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